"As mudanças não ocorrem com o tempo, mas quando o tempo é eliminado..."
Disciplina é a arte de organizar a si mesmo...
Pais e educadores deveriam levar mais a
sério a chamada educação compensatória, onde o filho ou aluno recebe
presentes ou agrados para cumprir seus deveres escolares ou as pequenas
tarefas do seu dia a dia. Se em casa os pais vêem na recompensa uma
forma de motivá-los e dar uma força extra na hora de cumprirem suas
obrigações rotineiras, na escola, o educador, em nome da instituição e
do sistema, incentiva o comportamento competitivo, ao conferir honras a
aquele que alcança as metas estabelecidas.
Em ambos os casos, cria-se uma inevitável situação de competição entre
todos os indivíduos. Na escola será entre os alunos, e em casa entre
irmãos, ou com os próprios pais. Em ambientes assim, o entendimento
entre as pessoas é impossível, uma vez que todos, de alguma forma, se
tornam adversários entre si.
Por que não deveria ser uma coisa natural o cumprimento de uma tarefa em
benefício próprio? Para escovar os dentes é realmente necessário um
incentivo, um convencimento mediante um agrado ou outro tipo de
persuasão?
Não seria mais simples mostrar para as crianças a realidade das coisas,
os efeitos da omissão, caso não cumpram com seus deveres, ao invés de
torná-las simples máquinas cumpridoras de ordens, verdadeiros pedintes,
sempre a espera de que, até seus pensamentos, sejam agraciados com
alguma gratificação. Há algum tipo de ação em nossas vidas que façamos
sem esperar absolutamente nada em troca? Duvidamos que haja.
Como podemos esperar uma sociedade justa, se o justo para nós é a
compensação, alguma forma de pagamento por qualquer coisa que façamos?
Não precisa ser uma recompensa imediata, coisa material, um consolo
espiritual também nos serve. Uma promessa de um prêmio ainda maior para o
futuro, talvez além da vida, seria o momento máximo na existência de
uma maioria expressiva. E não é tudo a mesma coisa, uma incessante busca
por reconhecimento, a exemplo daquilo que aprendemos quando éramos
crianças?
Buscamos a perfeição, não por admitir nossa imperfeição, mas porque isso
pode significar a conquista de um maior poderio pessoal, e representa o
ponto culminante dentro dos objetivos sociais nas mesologias de todas
as nações. Busca-se nesse caso a proeminência, o destaque pessoal pelo
mérito. Numa situação de permanente disputa como esta, não é possível
introduzirmos em nossas vidas aquilo que chamamos de ordem.
Não podemos admitir que possa existir ordem numa sociedade, onde aquilo
que guia nossa disciplina é a força das leis. Isso, ao contrário, é
exatamente o que caracteriza a falta de ordem, um indicativo
incontestável de que nos falta maturidade e bom senso. Se precisamos de
leis para nos ordenar, a lógica é óbvia, não vivenciamos a ordem em
nosso dia a dia.
E da desordem, que faz parte dos nossos dias, esperamos que surja aquilo
que chamamos de ordem. Podemos ver a desordem, aprender com ela, depois
decidiremos o que fazer com isso. Uma coisa é certa, desordem não cria
ordem, mas, perceber a desordem nos permite ter consciência de que algo
precisa ser feito. O sentimento de ordem é capaz de perceber a desordem,
mas o inverso não é possível.
Os erros, infelizmente ou felizmente, para o homem, ainda são a
principal fonte dos seus acertos. Cada erro se propõe a nos ensinar,
desde que estejamos dispostos a aceitar isso como um fato instrucional,
como um instrumento imprescindível em nosso processo cognitivo.
Um
erro se presta a nos ensinar como não devemos agir, e a partir deles,
se bem aceitos e compreendidos, tendem a nos favorecer. É certo que
ninguém, de bom senso, deseja errar de forma intencional, e a despeito
dos efeitos e malefícios que são capazes de causar à nossa volta, também
é certo, que deles só podemos tirar algum proveito, se estivermos
dispostos a aceitá-los. Não podem, nem devem, ser tratados como punições
ou castigos, mas como reflexo do estado de imperfeição do qual somos
hospedeiros, depositários ou portadores, independente de nossa condição
social, credo ou raça.
Poderíamos afirmar que um erro é uma tentativa de acerto. Vale aqui
excetuar-se os erros deliberados, onde o praticante o faz por deformação
moral, de forma consciente e premeditada, calculada, sempre com
desdobramentos antiéticos. Os erros que são tentativas de acerto, são
aqueles praticados por imaturidade ou inabilidade, de forma não
intencional. Estes são nossos instrutores, nos informam como não devemos
agir, se estivermos atentos.
A maior recompensa que podemos dar aos nossos filhos é ensinar-lhes a duvidar de tudo...
Somos produto de um mundo imperfeito, não
podemos ser perfeitos, e a razão é bastante simples: Um mundo
psicologicamente imperfeito, não é capaz de produzir homens
psicologicamente perfeitos.
Ao buscar na recompensa uma forma de motivar o filho ou o aluno a
cumprir seu dever natural, há aí uma grande falta de respeito. O
incentivo por menor que seja, corrompe o caráter, logo cria o hábito de
que para qualquer tarefa realizada, haverá sempre uma remuneração
correspondente. E não mais existirá o favor espontâneo, nem cordialidade
gratuita, nem o respeito sensato, uma vez que para tudo uma
compensação, uma gratificação é esperada. É a famosa regra básica que
todos adotam para si, já tornada axioma em todas as sociedades, que é
tão bem representada e autenticada até pelas doutrinas religiosas: “É
dando que se recebe”.
A disciplina então torna-se obrigação, e a obrigação um negócio, um meio
começo e fim para se ganhar alguma coisa, para se obter uma vantagem
pessoal.
Quando não somos capazes de acreditar no potencial dos nossos próprios
filhos ou alunos, a recompensa corruptiva será a chave mestra capaz de
modelá-los. Ora, se o resultado que deles esperamos só se consegue
através de um pagamento, o que podemos esperar do mundo que irão criar?
Haverá espaço nesse mundo para o respeito, para a solidariedade, para
que exista nas relações um sentimento de não competição? A prática da
gratificação já institucionaliza o processo, e é o alicerce da
competição, da existência do perdedor e do vencedor, da ambição e da
violência.
Para conscientizarmos nossos filhos da necessidade da escovação dos
dentes após as refeições, é suficiente que vejam nisso um benefício, o
que significa a saúde dos seus dentes, isso deveria ser o bastante, sem
necessidade de prêmios ou incentivos complementares. Por que existe o
prêmio, quase nunca lhes informamos dos malefícios ou benefícios, que já
obterão, através da prática do hábito. Isso vale também para outras
coisas.
Explicar, esclarecer, e fazê-los compreender quais são os benefícios que
obterão para si mesmos com tal hábito, deveria ser nosso papel, e não o
argumento coercivo. Ao coagi-los sob o jugo de prêmios para o
cumprimento de deveres, de algo que é bom e necessário para si mesmo,
estamos criando um indivíduo que não se respeita. Imagine então, se não é
capaz de cumprir aquilo que se reverterá em benefício para si mesmo, o
que podemos esperar dele em relação aos outros?
Aprendendo a cuidar de si, porque compreendeu que é a coisa certa e
sensata, que é o caminho que o tornará independente e o ensinará a
respeitar o espaço do semelhante, ele exigirá menos dos outros, irá
valorizar o esforço pessoal e alheio. Terá mais possibilidade de viver
num mundo integrado, livre dos antagonismos comuns dum mundo de
disputas, próprio daqueles que trabalham numa só direção, o dar para
receber algo em troca.
Assim,
nosso papel de explicar e esclarecer o que devem fazer, e mais
importante, porque estão fazendo, é fundamental. De pouco serve
exigirmos que nossos filhos passem anos e anos numa escola, sem contudo,
lhes explicarmos porque estão fazendo aquilo. Isso precisa ficar bem
claro. Não acredite que eles descobrirão isso sozinhos, não é o que
acontece.
Não podemos deixar isso na mão dos educadores, eles não o farão.
Precisamos ir além e enumerarmos para eles, de forma compreensível,
didática, todos os benefícios que deverão esperar de tal esforço, ou
malefícios caso desprezem a oportunidade.
Isso é respeito, é o mínimo de um máximo que poderíamos dispensar à eles, se houvesse interesse de nossa parte. No
entanto, a maioria de nós, talvez o fizesse de boa fé, se tivéssemos a
certeza de que seríamos imediatamente, de alguma forma, recompensados,
coroados pela autoria, não é verdade?
"As mudanças não ocorrem com o tempo, mas quando o tempo é eliminado..."
Disciplina é a arte de organizar a si mesmo...
Pais e educadores deveriam levar mais a
sério a chamada educação compensatória, onde o filho ou aluno recebe
presentes ou agrados para cumprir seus deveres escolares ou as pequenas
tarefas do seu dia a dia. Se em casa os pais vêem na recompensa uma
forma de motivá-los e dar uma força extra na hora de cumprirem suas
obrigações rotineiras, na escola, o educador, em nome da instituição e
do sistema, incentiva o comportamento competitivo, ao conferir honras a
aquele que alcança as metas estabelecidas.
Em ambos os casos, cria-se uma inevitável situação de competição entre
todos os indivíduos. Na escola será entre os alunos, e em casa entre
irmãos, ou com os próprios pais. Em ambientes assim, o entendimento
entre as pessoas é impossível, uma vez que todos, de alguma forma, se
tornam adversários entre si.
Por que não deveria ser uma coisa natural o cumprimento de uma tarefa em
benefício próprio? Para escovar os dentes é realmente necessário um
incentivo, um convencimento mediante um agrado ou outro tipo de
persuasão?
Não seria mais simples mostrar para as crianças a realidade das coisas,
os efeitos da omissão, caso não cumpram com seus deveres, ao invés de
torná-las simples máquinas cumpridoras de ordens, verdadeiros pedintes,
sempre a espera de que, até seus pensamentos, sejam agraciados com
alguma gratificação. Há algum tipo de ação em nossas vidas que façamos
sem esperar absolutamente nada em troca? Duvidamos que haja.
Como podemos esperar uma sociedade justa, se o justo para nós é a
compensação, alguma forma de pagamento por qualquer coisa que façamos?
Não precisa ser uma recompensa imediata, coisa material, um consolo
espiritual também nos serve. Uma promessa de um prêmio ainda maior para o
futuro, talvez além da vida, seria o momento máximo na existência de
uma maioria expressiva. E não é tudo a mesma coisa, uma incessante busca
por reconhecimento, a exemplo daquilo que aprendemos quando éramos
crianças?
Buscamos a perfeição, não por admitir nossa imperfeição, mas porque isso
pode significar a conquista de um maior poderio pessoal, e representa o
ponto culminante dentro dos objetivos sociais nas mesologias de todas
as nações. Busca-se nesse caso a proeminência, o destaque pessoal pelo
mérito. Numa situação de permanente disputa como esta, não é possível
introduzirmos em nossas vidas aquilo que chamamos de ordem.
Não podemos admitir que possa existir ordem numa sociedade, onde aquilo
que guia nossa disciplina é a força das leis. Isso, ao contrário, é
exatamente o que caracteriza a falta de ordem, um indicativo
incontestável de que nos falta maturidade e bom senso. Se precisamos de
leis para nos ordenar, a lógica é óbvia, não vivenciamos a ordem em
nosso dia a dia.
E da desordem, que faz parte dos nossos dias, esperamos que surja aquilo
que chamamos de ordem. Podemos ver a desordem, aprender com ela, depois
decidiremos o que fazer com isso. Uma coisa é certa, desordem não cria
ordem, mas, perceber a desordem nos permite ter consciência de que algo
precisa ser feito. O sentimento de ordem é capaz de perceber a desordem,
mas o inverso não é possível.
Os erros, infelizmente ou felizmente, para o homem, ainda são a
principal fonte dos seus acertos. Cada erro se propõe a nos ensinar,
desde que estejamos dispostos a aceitar isso como um fato instrucional,
como um instrumento imprescindível em nosso processo cognitivo.
Um
erro se presta a nos ensinar como não devemos agir, e a partir deles,
se bem aceitos e compreendidos, tendem a nos favorecer. É certo que
ninguém, de bom senso, deseja errar de forma intencional, e a despeito
dos efeitos e malefícios que são capazes de causar à nossa volta, também
é certo, que deles só podemos tirar algum proveito, se estivermos
dispostos a aceitá-los. Não podem, nem devem, ser tratados como punições
ou castigos, mas como reflexo do estado de imperfeição do qual somos
hospedeiros, depositários ou portadores, independente de nossa condição
social, credo ou raça.
Poderíamos afirmar que um erro é uma tentativa de acerto. Vale aqui
excetuar-se os erros deliberados, onde o praticante o faz por deformação
moral, de forma consciente e premeditada, calculada, sempre com
desdobramentos antiéticos. Os erros que são tentativas de acerto, são
aqueles praticados por imaturidade ou inabilidade, de forma não
intencional. Estes são nossos instrutores, nos informam como não devemos
agir, se estivermos atentos.
A maior recompensa que podemos dar aos nossos filhos é ensinar-lhes a duvidar de tudo...
Somos produto de um mundo imperfeito, não
podemos ser perfeitos, e a razão é bastante simples: Um mundo
psicologicamente imperfeito, não é capaz de produzir homens
psicologicamente perfeitos.
Ao buscar na recompensa uma forma de motivar o filho ou o aluno a
cumprir seu dever natural, há aí uma grande falta de respeito. O
incentivo por menor que seja, corrompe o caráter, logo cria o hábito de
que para qualquer tarefa realizada, haverá sempre uma remuneração
correspondente. E não mais existirá o favor espontâneo, nem cordialidade
gratuita, nem o respeito sensato, uma vez que para tudo uma
compensação, uma gratificação é esperada. É a famosa regra básica que
todos adotam para si, já tornada axioma em todas as sociedades, que é
tão bem representada e autenticada até pelas doutrinas religiosas: “É
dando que se recebe”.
A disciplina então torna-se obrigação, e a obrigação um negócio, um meio
começo e fim para se ganhar alguma coisa, para se obter uma vantagem
pessoal.
Quando não somos capazes de acreditar no potencial dos nossos próprios
filhos ou alunos, a recompensa corruptiva será a chave mestra capaz de
modelá-los. Ora, se o resultado que deles esperamos só se consegue
através de um pagamento, o que podemos esperar do mundo que irão criar?
Haverá espaço nesse mundo para o respeito, para a solidariedade, para
que exista nas relações um sentimento de não competição? A prática da
gratificação já institucionaliza o processo, e é o alicerce da
competição, da existência do perdedor e do vencedor, da ambição e da
violência.
Para conscientizarmos nossos filhos da necessidade da escovação dos
dentes após as refeições, é suficiente que vejam nisso um benefício, o
que significa a saúde dos seus dentes, isso deveria ser o bastante, sem
necessidade de prêmios ou incentivos complementares. Por que existe o
prêmio, quase nunca lhes informamos dos malefícios ou benefícios, que já
obterão, através da prática do hábito. Isso vale também para outras
coisas.
Explicar, esclarecer, e fazê-los compreender quais são os benefícios que
obterão para si mesmos com tal hábito, deveria ser nosso papel, e não o
argumento coercivo. Ao coagi-los sob o jugo de prêmios para o
cumprimento de deveres, de algo que é bom e necessário para si mesmo,
estamos criando um indivíduo que não se respeita. Imagine então, se não é
capaz de cumprir aquilo que se reverterá em benefício para si mesmo, o
que podemos esperar dele em relação aos outros?
Aprendendo a cuidar de si, porque compreendeu que é a coisa certa e
sensata, que é o caminho que o tornará independente e o ensinará a
respeitar o espaço do semelhante, ele exigirá menos dos outros, irá
valorizar o esforço pessoal e alheio. Terá mais possibilidade de viver
num mundo integrado, livre dos antagonismos comuns dum mundo de
disputas, próprio daqueles que trabalham numa só direção, o dar para
receber algo em troca.
Assim,
nosso papel de explicar e esclarecer o que devem fazer, e mais
importante, porque estão fazendo, é fundamental. De pouco serve
exigirmos que nossos filhos passem anos e anos numa escola, sem contudo,
lhes explicarmos porque estão fazendo aquilo. Isso precisa ficar bem
claro. Não acredite que eles descobrirão isso sozinhos, não é o que
acontece.
Não podemos deixar isso na mão dos educadores, eles não o farão.
Precisamos ir além e enumerarmos para eles, de forma compreensível,
didática, todos os benefícios que deverão esperar de tal esforço, ou
malefícios caso desprezem a oportunidade.
Isso é respeito, é o mínimo de um máximo que poderíamos dispensar à eles, se houvesse interesse de nossa parte. No
entanto, a maioria de nós, talvez o fizesse de boa fé, se tivéssemos a
certeza de que seríamos imediatamente, de alguma forma, recompensados,
coroados pela autoria, não é verdade?
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