Com
as famílias sobrecarregadas de tarefas, não é difícil concluir que a
lição de casa ficou sem um tempo só para ela. Mas se ela ainda é
necessária, o que fazer para tudo não virar drama dentro de casa?
A lição de casa surgiu nos Estados Unidos, nos anos 30, como parte integrante de um método de ensino para estudantes da zona rural.
A lição de casa possui uma função pedagógica importante. Além de ensinar a criança a construir uma relação de responsabilidade e autonomia, favorece o hábito do estudo. Entretanto, para que a lição de casa atinja esse objetivo, cabe ao professor orientar a criança em cada lição e esclarecer os objetivos dessa.
Os conflitos quanto à lição de casa começam a aparecer quando os pais acham que os filhos trazem lições demais para casa. A cena é comum, pais de um lado se queixando de não dispor de tempo para ajudar o filho e do outro lado a criança que às vezes não se lembra de fazer a lição ou não consegue desempenhá-la sem a supervisão de um adulto.Mas como a lição de casa favorece muitos alunos, uma das formas de evitar esse clima de tensão que a atividade ocasiona, é o estabelecimento de um bom relacionamento entre os pais e a escola. É importante que a escola compreenda que a lição de casa é uma responsabilidade dela, e não do aluno e de sua família.
Algumas maneiras podem favorecer a realização da lição de casa, como por exemplo, criar uma rotina de estudo, disponibilizar um espaço da casa para esse fim e incentivo.
Os pais podem encorajá-las nessa responsabilidade, ao demonstrar interesse e ao dar autonomia quando oferecem sua ajuda ao invés de fazer a lição pela criança.
João chegou em casa contando para a mãe a solução que havia
encontrado para o fim de seu maior drama atual: ele e o colega fariam um
“enunciado” para o fim da lição de casa. Do alto de seus 7 anos, ele
queria mesmo era dizer “abaixo-assinado”, mas o que importava não era a
palavra, e sim o significado que estava dando a ela. Sentindo-se
sobrecarregado de tanta tarefa, João só pensa em encontrar um jeito de
dar um basta. Sobrou até para o Saci. Após exaustivos dias de muita
lição de casa, a professora mandou ler O Saci,
de Monteiro Lobato, e, adivinhem: o menino já o encarou como “tarefa
chata e exaustiva” e quer ver o personagem bem longe dele.
Lição de casa. Atire aí o primeiro lápis preto quem não se arrepia
na hora que ouve essa palavra. Por mais “certinho” que você tenha sido
como aluno, aposto que em algum momento você quis mesmo que a hora da
lição acabasse logo para fazer outra coisa. É ou não é? Com um filho com
mais de 6 anos em casa, você passa ou vai passar esse aperto. (Porque,
antes disso, nem pensar! Se houver tarefas para uma criança na educação
infantil, que ela seja só um pequeno treino eventual, sem maiores
cobranças.) E o tal aperto pode acontecer por razões simples: crianças
saudáveis querem sempre transgredir, a falta de tempo é uma realidade e
porque, sim, existe lição de casa chata.
A gente carrega este peso com essas tarefas desde o começo do século
passado. Foi lá que nasceu a péssima relação desse dever com punição.
“Vocês não se comportaram, então vou dobrar a lição de casa de todos”,
costumava sentenciar a professora. O mundo mudou, mas o mal-estar
continua – e a necessidade do momento de lição de casa também. “O
cérebro precisa de um tempo para assimilar individualmente o que foi
aprendido em sala de aula. Quando a criança está na classe, o nível de
fixação é outro”, diz Marta Pires Relva, professora de neurociência e
aprendizagem da Universidade Cândido Mendes – AVM Faculdade Integrada
(RJ). Embora o tema esteja na lista de reclamações há tanto tempo, a
vida em sociedade hoje complica um pouco mais a história. De um lado,
pais que, na maioria, trabalham fora e contam nos dedos as horas por dia
que conseguem ficar com os filhos. De outro, crianças mais ágeis e com
uma sede de aprender que tem origem – ou estímulos – em outras formas.
Para elas, a lição de casa, decididamente, não pode ser como
antigamente.
Medida e foco
Uma coisa é mais do que certa: a lição de casa não deve ser motivo
de estresse para a criança. Deve ter sua medida certa e faz parte do
trabalho do professor mostrar o sentido e orientar a criança. Essa
relação anda tão confusa que no Canadá e nos Estados Unidos há grandes
movimentos de pais pedindo limites para o excesso de tarefas, pelo
direito de a criança “aproveitar a infância”. Não é a primeira vez que
isso acontece, mas o dever chegou a ser banido no norte de Toronto nos
jardins de infância e em todos os feriados para crianças maiores. Usam
como base diversas pesquisas que apontam que não há relação entre
quantidade de lição de casa com absorção de aprendizado ou de conteúdo
das crianças. “Não há como fazer essa relação porque nosso cérebro é
qualitativo e não quantitativo”, diz Marta Relva. Então,
qual seria a medida? Nos Estados Unidos, a Associação Nacional
Americana recomenda que o tempo de estudo em casa não ultrapasse os dez
minutos no primeiro ano, por exemplo. “O ideal é que comece a ter certa
intensidade a partir do segundo, que pode exigir meia hora, depois, 40
minutos, a partir do terceiro, e assim por diante. Tem que ser
gradativo”, diz Telma Scott, coordenadora pedagógica do Colégio Sidarta,
de Cotia (SP). “E ela vai aprendendo a resolver o que precisa naquele
período. Um treino para a vida”, diz.
A tarefa precisa ter um objetivo claro também. “Deve-se perguntar: ela está a serviço de quê? Assim vai ser valorizada em sala de aula e também pelo aluno. Toda lição tem de ter uma função acadêmica e coletiva. Aprender algo sozinho e depois poder levar para o grupo”, diz Cleuza Vilas Boas, diretora do ensino fundamental do Colégio Móbile (SP). O tempo conta muito. Estar no período integral ou ter a agenda cheia pode influenciar muito. “A criança está esgotada? Tem pouco tempo para descansar, brincar ou simplesmente não fazer nada? Se a lição vier depois de uma série de atividades, não há como ela ficar bem.”
A tarefa precisa ter um objetivo claro também. “Deve-se perguntar: ela está a serviço de quê? Assim vai ser valorizada em sala de aula e também pelo aluno. Toda lição tem de ter uma função acadêmica e coletiva. Aprender algo sozinho e depois poder levar para o grupo”, diz Cleuza Vilas Boas, diretora do ensino fundamental do Colégio Móbile (SP). O tempo conta muito. Estar no período integral ou ter a agenda cheia pode influenciar muito. “A criança está esgotada? Tem pouco tempo para descansar, brincar ou simplesmente não fazer nada? Se a lição vier depois de uma série de atividades, não há como ela ficar bem.”
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/licao-de-casa-547565.shtml
http://brasilescola.uol.com.br/educacao/licao-casa.htm
Com
as famílias sobrecarregadas de tarefas, não é difícil concluir que a
lição de casa ficou sem um tempo só para ela. Mas se ela ainda é
necessária, o que fazer para tudo não virar drama dentro de casa?
A lição de casa surgiu nos Estados Unidos, nos anos 30, como parte integrante de um método de ensino para estudantes da zona rural.
A lição de casa possui uma função pedagógica importante. Além de ensinar a criança a construir uma relação de responsabilidade e autonomia, favorece o hábito do estudo. Entretanto, para que a lição de casa atinja esse objetivo, cabe ao professor orientar a criança em cada lição e esclarecer os objetivos dessa.
Os conflitos quanto à lição de casa começam a aparecer quando os pais acham que os filhos trazem lições demais para casa. A cena é comum, pais de um lado se queixando de não dispor de tempo para ajudar o filho e do outro lado a criança que às vezes não se lembra de fazer a lição ou não consegue desempenhá-la sem a supervisão de um adulto.Mas como a lição de casa favorece muitos alunos, uma das formas de evitar esse clima de tensão que a atividade ocasiona, é o estabelecimento de um bom relacionamento entre os pais e a escola. É importante que a escola compreenda que a lição de casa é uma responsabilidade dela, e não do aluno e de sua família.
Algumas maneiras podem favorecer a realização da lição de casa, como por exemplo, criar uma rotina de estudo, disponibilizar um espaço da casa para esse fim e incentivo.
Os pais podem encorajá-las nessa responsabilidade, ao demonstrar interesse e ao dar autonomia quando oferecem sua ajuda ao invés de fazer a lição pela criança.
João chegou em casa contando para a mãe a solução que havia
encontrado para o fim de seu maior drama atual: ele e o colega fariam um
“enunciado” para o fim da lição de casa. Do alto de seus 7 anos, ele
queria mesmo era dizer “abaixo-assinado”, mas o que importava não era a
palavra, e sim o significado que estava dando a ela. Sentindo-se
sobrecarregado de tanta tarefa, João só pensa em encontrar um jeito de
dar um basta. Sobrou até para o Saci. Após exaustivos dias de muita
lição de casa, a professora mandou ler O Saci,
de Monteiro Lobato, e, adivinhem: o menino já o encarou como “tarefa
chata e exaustiva” e quer ver o personagem bem longe dele.
Lição de casa. Atire aí o primeiro lápis preto quem não se arrepia
na hora que ouve essa palavra. Por mais “certinho” que você tenha sido
como aluno, aposto que em algum momento você quis mesmo que a hora da
lição acabasse logo para fazer outra coisa. É ou não é? Com um filho com
mais de 6 anos em casa, você passa ou vai passar esse aperto. (Porque,
antes disso, nem pensar! Se houver tarefas para uma criança na educação
infantil, que ela seja só um pequeno treino eventual, sem maiores
cobranças.) E o tal aperto pode acontecer por razões simples: crianças
saudáveis querem sempre transgredir, a falta de tempo é uma realidade e
porque, sim, existe lição de casa chata.
A gente carrega este peso com essas tarefas desde o começo do século
passado. Foi lá que nasceu a péssima relação desse dever com punição.
“Vocês não se comportaram, então vou dobrar a lição de casa de todos”,
costumava sentenciar a professora. O mundo mudou, mas o mal-estar
continua – e a necessidade do momento de lição de casa também. “O
cérebro precisa de um tempo para assimilar individualmente o que foi
aprendido em sala de aula. Quando a criança está na classe, o nível de
fixação é outro”, diz Marta Pires Relva, professora de neurociência e
aprendizagem da Universidade Cândido Mendes – AVM Faculdade Integrada
(RJ). Embora o tema esteja na lista de reclamações há tanto tempo, a
vida em sociedade hoje complica um pouco mais a história. De um lado,
pais que, na maioria, trabalham fora e contam nos dedos as horas por dia
que conseguem ficar com os filhos. De outro, crianças mais ágeis e com
uma sede de aprender que tem origem – ou estímulos – em outras formas.
Para elas, a lição de casa, decididamente, não pode ser como
antigamente.
Medida e foco
Uma coisa é mais do que certa: a lição de casa não deve ser motivo
de estresse para a criança. Deve ter sua medida certa e faz parte do
trabalho do professor mostrar o sentido e orientar a criança. Essa
relação anda tão confusa que no Canadá e nos Estados Unidos há grandes
movimentos de pais pedindo limites para o excesso de tarefas, pelo
direito de a criança “aproveitar a infância”. Não é a primeira vez que
isso acontece, mas o dever chegou a ser banido no norte de Toronto nos
jardins de infância e em todos os feriados para crianças maiores. Usam
como base diversas pesquisas que apontam que não há relação entre
quantidade de lição de casa com absorção de aprendizado ou de conteúdo
das crianças. “Não há como fazer essa relação porque nosso cérebro é
qualitativo e não quantitativo”, diz Marta Relva. Então,
qual seria a medida? Nos Estados Unidos, a Associação Nacional
Americana recomenda que o tempo de estudo em casa não ultrapasse os dez
minutos no primeiro ano, por exemplo. “O ideal é que comece a ter certa
intensidade a partir do segundo, que pode exigir meia hora, depois, 40
minutos, a partir do terceiro, e assim por diante. Tem que ser
gradativo”, diz Telma Scott, coordenadora pedagógica do Colégio Sidarta,
de Cotia (SP). “E ela vai aprendendo a resolver o que precisa naquele
período. Um treino para a vida”, diz.
A tarefa precisa ter um objetivo claro também. “Deve-se perguntar: ela está a serviço de quê? Assim vai ser valorizada em sala de aula e também pelo aluno. Toda lição tem de ter uma função acadêmica e coletiva. Aprender algo sozinho e depois poder levar para o grupo”, diz Cleuza Vilas Boas, diretora do ensino fundamental do Colégio Móbile (SP). O tempo conta muito. Estar no período integral ou ter a agenda cheia pode influenciar muito. “A criança está esgotada? Tem pouco tempo para descansar, brincar ou simplesmente não fazer nada? Se a lição vier depois de uma série de atividades, não há como ela ficar bem.”
A tarefa precisa ter um objetivo claro também. “Deve-se perguntar: ela está a serviço de quê? Assim vai ser valorizada em sala de aula e também pelo aluno. Toda lição tem de ter uma função acadêmica e coletiva. Aprender algo sozinho e depois poder levar para o grupo”, diz Cleuza Vilas Boas, diretora do ensino fundamental do Colégio Móbile (SP). O tempo conta muito. Estar no período integral ou ter a agenda cheia pode influenciar muito. “A criança está esgotada? Tem pouco tempo para descansar, brincar ou simplesmente não fazer nada? Se a lição vier depois de uma série de atividades, não há como ela ficar bem.”
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/licao-de-casa-547565.shtml
http://brasilescola.uol.com.br/educacao/licao-casa.htm
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